03 de outubro de 2024 - Notícias
BAHIA – Um
terço da carne abatida na Bahia ser clandestina fez acender um alerta sobre os
riscos da prática, considerada crime pelo risco causado à saúde. A Bahia é
líder em rebanho de caprinos e ovinos e é o sétimo que mais abate bovinos no
país. Um dos obstáculos para a carne ter a qualidade garantida é um costume que
se nega a aceitar os novos tempos: o abate clandestino. Geralmente feito em
locais impróprios, sem qualquer cuidado higiênico e alheio à fiscalização, o
procedimento é considerado menos custoso, o que faz com que ele tenha ainda
maior adesão. O fato, porém, é contestado. Para o diretor-geral da Agência
Estadual de Defesas Agropecuária [Adab], Paulo Luz, a diferença é irrisória
pelo valor que a carne vai ter no último destino, a mesa do consumidor. “Tem
abatedouro que cobra basicamente o mesmo preço de que marchante cobra para
abater clandestinamente. É uma diferença muito pouca, coisa de R$ 30 a mais.
Esse argumento não se sustenta não”, disse Paulo Luz. Segundo ele, pelo abate
irregular, o consumidor não ficará sabendo se o animal é saudável, já que não
tem fiscalização. “É uma questão cultural mesmo. A população tem que se
conscientizar que, quando compra uma carne clandestina, não sabe o que está
levando para sua família. Pode ser uma carne com cisticercose, com tuberculose,
abatida no meio de cachorro, de rato, sem nenhuma higiene. Quando você compra
uma carne inspecionada, você sabe que ali foi acompanhada por um veterinário,
que teve uma agência que inspecionou, que tem um selo de garantia”, argumentou.
Um dos fatores que auxiliaria na melhora dos índices de abate regulares seria a
criação de mais abatedouros. A queixa de que esses locais gerariam um custo
alto para as prefeituras também não encontra concordância com o diretor da
Adab. Sistemas de concessão e parcerias públicos-privadas podem ser uma saída
para cidades garantirem qualidade na carne produzida.
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